quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Onde está nossa felicidade? A fé tem uma resposta para essa questão

O fim do Ano Litúrgico nos coloca diante das “realidades últimas” da nossa existência: Para onde conduz a nossa vida? O que vem depois da vida neste mundo? Ainda haverá algo depois da morte?

No Ano da Fé, recordamos os grandes “mistérios da fé”, que Deus manifestou e nos quais cremos, junto com a Igreja. A fé é uma luz divina, que nos faz ver mais longe e compreender mais profundamente toda realidade – também aquilo que incomoda tanto o ser humano, que pensa e se interroga sobre o sentido da vida e da morte, sobre a base de sustentação do bem e da justiça, da liberdade humana e do anseio por plenitude e a saciedade para seus anseios e aspirações mais profundas.

No 33º Domingo do Tempo Comum, a Liturgia nos apresentou textos iluminadores da Palavra de Deus, que são respostas a muitas de nossas interrogações. 

Vale a pena respeitar a Deus, ser honestos e praticar o bem? Ainda mais: vale a pena praticar o bem, mesmo com sofrimento? Esta sempre foi um angustiosa questão para o homem, sobretudo ao ver que os “ímpios” não respeitam o homem, nem a Deus, e vão bem na vida e até debocham de quem é honesto e reto em seu viver...

A resposta vem do profeta Malaquias, a sorte final de ímpios e justos não será a mesma; a justiça de Deus pode tardar, mas não falhará e colocará cada coisa no seu devido lugar. Os ímpios, como palha, serão queimados e não restará deles nem raiz; mas os justos podem ter a certeza: sobre eles se levantará o sol da justiça e lhes trará salvação (cf. Ml 3,19s).

Nossa Profissão de Fé católica afirma: “E de novo (Jesus) há de vir para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim”. 

Na compreensão cristã da vida, nós não somos a última instância a decidir sobre o bem e o mal; nem tudo se resolve neste mundo, nem do jeito que cada um decide. Teremos que prestar contas a Deus sobre nossa vida e nosso agir, sobre o uso que tivermos feito de nossa liberdade.

Aliás, na visão da nossa fé, as coisas deste mundo não são ainda a realidade definitiva e final. Nem precisa ter muita fé para afirmar isso: nós passamos e as realidades deste mundo também passam; somos parte de uma realidade boa, mas ainda precária. Por isso, nossa fé nos leva a procurar os “bens eternos” e a “cidade definitiva”, onde Deus será tudo em todos.

Quando Jesus passeia no templo e os apóstolos lhe chamam a atenção para a grandiosidade e a beleza do templo de Salomão, ele responde: "Disso tudo não ficará pedra sobre pedra, mas tudo será destruído” (cf. Lucas, 21,9). E convida os apóstolos a perseverarem, firmes na fé e na prática do bem, mesmo em meio a perseguições e injúrias (cf. Lc 21, 7-19). 

Se tivéssemos fé apenas para resolver questões deste mundo, seríamos os mais dignos de compaixão de todos os homens, no dizer de São Paulo. A fé firme em Deus e a esperança que brota da fé dão-nos coragem e força para a perseverança na prática do bem. A falta de fé dá origem ao imediatismo e à pretensão de ter tudo, já neste mundo.

Na "Oração do Dia" do 33º Domingo do Tempo Comum, nós pedimos a Deus: “Nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois, só teremos felicidade completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas”. Esta oração, de fato, corresponde ao primeiro mandamento da Lei de Deus: “Amar e servir a Deus de todo coração, com todas as forças”. Fora de Deus, não há felicidade plena.

Nossa fé, portanto, tem uma resposta para a questão angustiante do sentido da vida neste mundo e para a questão não menos angustiante do valor da prática do bem: há vida plena e felicidade completa para o homem, contanto que não se afaste de Deus e dos seus caminhos.

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
@DomOdiloScherer

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Novembro: Mês das Almas

O mês de novembro é dedicado às almas do purgatório. Purgatório quer dizer estado de purificação. Purificação de que?  Das culpas e penas devidas pelos pecados.

Que são culpas e penas?                         
Para entendermos isto é preciso saber que todo pecado gerauma ofensa à qual corresponde uma culpa e também um prejuízo ao qual corresponde uma pena.

“Almas penadas” são aquelas que devem pagar uma pena. Conforme o pecado – mortal ou venial – também é a gravidade da culpa e da pena, que pode ser eterna ou temporal.

O sacramento da penitência perdoa a culpa e a pena eterna, mas o pecador deve reparar os prejuízos causados pelos próprios pecados cumprindo alguma penitência para descontar as penas devidas.

As flores e velas expressam os sentimentos dos vivos pelos falecidos, mas o melhor consolo e a oferta mais proveitosa para os vivos e falecidos são as orações, penitências e boas obras. A melhor oração para lucrar a indulgência pelos falecidos é a Santa Missa, em que Jesus mesmo se oferece em expiação das penas dos falecidos. Nós podemos fazer boas obras e orações, que aplicadas às almas do purgatório alcançam-lhes o perdão de suas culpas e penas.        
           
Que são Indulgências?
Indulgência é a remissão ou perdão da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa. O pecado é uma ofensa a Deus a qual gera uma culpa e ao mesmo tempo um prejuízo, uma desordem, que devem ser reparados por uma pena.

A indulgência é parcial ou plenária, conforme perdoe em parte ou no todo a pena temporal devida pelos pecados.

Para alguém poder lucrar indulgências, deve ser batizado e encontrar-se em estado de graça, pelo menos no fim das obras prescritas.

No tempo de Finados, concede-se uma Indulgência plenária, só aplicável aos defuntos:  
Diariamente, do dia 1o. ao dia 8º de novembro, aos que visitarem os cemitérios.                                          
No dia dos finados, todas as vezes aos que visitarem uma igreja.

Que é preciso para lucrar a indulgência?
* Visitar uma igreja ou um cemitério
* Fazer Orações: Creio, Pai Nosso, nas intenções do Papa
* Estado de graça ou confissão e Comunhão.    

Purgatório. 
Na Bíblia não se encontra a palavra “purgatório”, mas sua existência pode se concluir a partir do contexto bíblico.

Se alguém está no céu não precisa de orações para salvar-se, pois já está salvo. Se alguém está no inferno, não existe oração que o retire de lá. Como, porém nada de pecado entra no céu (Apoc. 21,27) e nem todos os mortos estão livres de pequenas faltas e culpas, que não merecem a condenação eterna, segue-se que eles precisam de alguma purificação.

Outras passagens bíblicas que fundamentam o purgatório:    
Em S. Mateus, 12,32: “Se alguém disser uma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas se disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro”.
 
Neste texto é clara a afirmação de que há pecados que podem ser perdoados neste mundo (no tempo) e outros que podem ser perdoados no mundo vindouro (na eternidade).

Em II Macabeus, 12,43-46 lemos: “Judas, tendo feito uma coleta, mandou duas mil dracmas de prata a Jerusalém, para se oferecer um sacrifício pelo pecado. Obra bela e santa, inspirada pela crença na ressurreição... Santo e salutar pensamento de orar pelos mortos. Eis porque ele ofereceu um sacrifício expiatório pelos defuntos, para que fossem livres de seus pecados.”

Ora ser livre de seus pecados, depois da morte, pelo sacrifício expiatório, indica claramente a possibilidade de purificação.

TEXTOS para meditação.
*Jo. 11,17-27 = Lázaro.                                            
* Jo. 11, 32-44 = Lázaro.
* Jo. 6, 53-58 = Pão da Vida
* Jo. 19,28-37. = Morte de Jesus.
* 1 Cor. 15,1-19 = Ressurreição
* Mt. 27,45-54 = Morte de Jesus
* Apoc. 21,1-7 = Novo céu e nova Terra.

ORAÇÕES PELOS FALECIDOS:

Ó Deus, vossos dias não tem fim e vossa misericórdia não tem limites, fazei-nos sempre lembrar a brevidade da vida e a incerteza da hora da morte. Que vosso Espírito Santo nos conduza neste mundo, todos os dias de nossa vida na santidade e na justiça. E depois de vos servirmos na terra na comunhão de vossa igreja, na confiança de uma fé segura, na consolação da esperança e na perfeita caridade para com todos, possamos chegar ao vosso reino. Por Cristo Senhor nosso. Amém
Ouvi, ó Pai, as preces dos que crêem na ressurreição do vosso Filho e aumentai a nossa esperança na ressurreição dos nossos irmãos falecidos.

Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá e todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá para sempre, diz Jesus.

Em Jesus brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição e aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola. Ó Pai, para os que crêem em vós, a vida não é tirada, mas transformada, e desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível.

Nas vossas mãos, Pai de misericórdia, entregamos a alma de nosso falecido, na firme esperança de que ele ressurgirá com Cristo no último dia, como todos os que no Cristo adormeceram. Escutai na vossa misericórdia as nossas preces: abri para ele as portas do paraíso, e a nós que ficamos, concedei que nos consolemos uns aos outros com as palavras da fé, até o dia em que nos encontraremos todos no Cristo e assim estaremos sempre convosco.

Senhor Deus da vida, Criador de tudo o que existe, estamos diante da sepultura de parentes falecidos.
Teu Filho Jesus ensinou que nossa vida é como semente que deve morrer para produzir frutos.

Senhor, queremos agradecer-te pelo bem que recebemos de nossos falecidos.

Nós acreditamos que eles(as) continuam vivos(as) diante de ti, vivos(as) de uma vida que não tem mais nenhum fim, nem dor, nem lágrimas.

Que teu amado Filho, o Bom Pastor, os(as) leve nos ombros e dê a todos nós que aqui ficamos, que nos consolemos uns aos outros com as palavras da fé e da esperança. Cremos, Senhor, na ressurreição da carne e na vida eterna. 

Amém.

domingo, 3 de novembro de 2013

Palavra do Padre: Joio dos tempos atuais

Desde que aqui cheguei na Paróquia Santo Antônio, tenho me desdobrado no sentido de chamar a atenção de todos que já faziam parte dessa comunidade e também dos novos que estão chegando, para que tenham muito cuidado com aquilo que vou chamar de "joio dos tempos atuais", que seria o individualismo, o fechamento e a indiferença.

Não podemos viver o testemunho cristão olhando somente para minha vida, minha família, minha casa, meu apartamento, meu carro, meu trabalho, minha conta bancária, meus amigos, meu grupo ou minha pastoral, e etc. Só me envolvo com aquilo que é de meu interesse e que me faz bem. Jesus olha para nós nesse momento e está nos dizendo: "Esse não pode ser meu discípulo" (Lc 14,26).

Somos chamados por Jesus, por meio de sua Igreja hoje, a sair deste arraigado individualismo, tirando fora esse joio que nos confunde e nos desvia do caminho da salvação. Como seus discípulos, devemos testemunhar nosso seguimento na contramão do que nos ensina o mundo.

É perceptível que nos esquecemos muitas vezes que a Igreja é a nossa família marior, de muitos irmãos e irmãs, como nos ensina São Paulo na Carta aos Coríntios: "Mas, de fato há muitos membros e, no entanto um só corpo. O olho não pode dizer à mão: Não preciso de ti, nem a cabeça dizer aos pés: Não preciso de vós. Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. Vós todos sois o Corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo". (1 Cor. 12, 20-21, 26-27).

Portanto, oos discípulos de Jesus deveriam ter um espírito fraterno e comunitário, queimando o "joio dos tempos atuais", saindo de uma situação de pecado e se tornando verdadeiros discípulos e missionários de Jesus, na família, na escola, no trabalho, na Igreja e nos vários ambientes e situações que estamos vivendo. Não fechados olhando somente para as coisas e as situações do nosso pleno interesse. Aliás, o interesse maior deve ser o bem comum, a comunidade, a Paróquia, a Igreja na sua totalidade.

Só assim, seremos verdadeira Igreja-comunidade de Jesus Cristo.

Um abraço fraterno em Cristo Jesus.

Pe Francinaldo Sousa