quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Onde está nossa felicidade? A fé tem uma resposta para essa questão

O fim do Ano Litúrgico nos coloca diante das “realidades últimas” da nossa existência: Para onde conduz a nossa vida? O que vem depois da vida neste mundo? Ainda haverá algo depois da morte?

No Ano da Fé, recordamos os grandes “mistérios da fé”, que Deus manifestou e nos quais cremos, junto com a Igreja. A fé é uma luz divina, que nos faz ver mais longe e compreender mais profundamente toda realidade – também aquilo que incomoda tanto o ser humano, que pensa e se interroga sobre o sentido da vida e da morte, sobre a base de sustentação do bem e da justiça, da liberdade humana e do anseio por plenitude e a saciedade para seus anseios e aspirações mais profundas.

No 33º Domingo do Tempo Comum, a Liturgia nos apresentou textos iluminadores da Palavra de Deus, que são respostas a muitas de nossas interrogações. 

Vale a pena respeitar a Deus, ser honestos e praticar o bem? Ainda mais: vale a pena praticar o bem, mesmo com sofrimento? Esta sempre foi um angustiosa questão para o homem, sobretudo ao ver que os “ímpios” não respeitam o homem, nem a Deus, e vão bem na vida e até debocham de quem é honesto e reto em seu viver...

A resposta vem do profeta Malaquias, a sorte final de ímpios e justos não será a mesma; a justiça de Deus pode tardar, mas não falhará e colocará cada coisa no seu devido lugar. Os ímpios, como palha, serão queimados e não restará deles nem raiz; mas os justos podem ter a certeza: sobre eles se levantará o sol da justiça e lhes trará salvação (cf. Ml 3,19s).

Nossa Profissão de Fé católica afirma: “E de novo (Jesus) há de vir para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim”. 

Na compreensão cristã da vida, nós não somos a última instância a decidir sobre o bem e o mal; nem tudo se resolve neste mundo, nem do jeito que cada um decide. Teremos que prestar contas a Deus sobre nossa vida e nosso agir, sobre o uso que tivermos feito de nossa liberdade.

Aliás, na visão da nossa fé, as coisas deste mundo não são ainda a realidade definitiva e final. Nem precisa ter muita fé para afirmar isso: nós passamos e as realidades deste mundo também passam; somos parte de uma realidade boa, mas ainda precária. Por isso, nossa fé nos leva a procurar os “bens eternos” e a “cidade definitiva”, onde Deus será tudo em todos.

Quando Jesus passeia no templo e os apóstolos lhe chamam a atenção para a grandiosidade e a beleza do templo de Salomão, ele responde: "Disso tudo não ficará pedra sobre pedra, mas tudo será destruído” (cf. Lucas, 21,9). E convida os apóstolos a perseverarem, firmes na fé e na prática do bem, mesmo em meio a perseguições e injúrias (cf. Lc 21, 7-19). 

Se tivéssemos fé apenas para resolver questões deste mundo, seríamos os mais dignos de compaixão de todos os homens, no dizer de São Paulo. A fé firme em Deus e a esperança que brota da fé dão-nos coragem e força para a perseverança na prática do bem. A falta de fé dá origem ao imediatismo e à pretensão de ter tudo, já neste mundo.

Na "Oração do Dia" do 33º Domingo do Tempo Comum, nós pedimos a Deus: “Nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois, só teremos felicidade completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas”. Esta oração, de fato, corresponde ao primeiro mandamento da Lei de Deus: “Amar e servir a Deus de todo coração, com todas as forças”. Fora de Deus, não há felicidade plena.

Nossa fé, portanto, tem uma resposta para a questão angustiante do sentido da vida neste mundo e para a questão não menos angustiante do valor da prática do bem: há vida plena e felicidade completa para o homem, contanto que não se afaste de Deus e dos seus caminhos.

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
@DomOdiloScherer

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Novembro: Mês das Almas

O mês de novembro é dedicado às almas do purgatório. Purgatório quer dizer estado de purificação. Purificação de que?  Das culpas e penas devidas pelos pecados.

Que são culpas e penas?                         
Para entendermos isto é preciso saber que todo pecado gerauma ofensa à qual corresponde uma culpa e também um prejuízo ao qual corresponde uma pena.

“Almas penadas” são aquelas que devem pagar uma pena. Conforme o pecado – mortal ou venial – também é a gravidade da culpa e da pena, que pode ser eterna ou temporal.

O sacramento da penitência perdoa a culpa e a pena eterna, mas o pecador deve reparar os prejuízos causados pelos próprios pecados cumprindo alguma penitência para descontar as penas devidas.

As flores e velas expressam os sentimentos dos vivos pelos falecidos, mas o melhor consolo e a oferta mais proveitosa para os vivos e falecidos são as orações, penitências e boas obras. A melhor oração para lucrar a indulgência pelos falecidos é a Santa Missa, em que Jesus mesmo se oferece em expiação das penas dos falecidos. Nós podemos fazer boas obras e orações, que aplicadas às almas do purgatório alcançam-lhes o perdão de suas culpas e penas.        
           
Que são Indulgências?
Indulgência é a remissão ou perdão da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa. O pecado é uma ofensa a Deus a qual gera uma culpa e ao mesmo tempo um prejuízo, uma desordem, que devem ser reparados por uma pena.

A indulgência é parcial ou plenária, conforme perdoe em parte ou no todo a pena temporal devida pelos pecados.

Para alguém poder lucrar indulgências, deve ser batizado e encontrar-se em estado de graça, pelo menos no fim das obras prescritas.

No tempo de Finados, concede-se uma Indulgência plenária, só aplicável aos defuntos:  
Diariamente, do dia 1o. ao dia 8º de novembro, aos que visitarem os cemitérios.                                          
No dia dos finados, todas as vezes aos que visitarem uma igreja.

Que é preciso para lucrar a indulgência?
* Visitar uma igreja ou um cemitério
* Fazer Orações: Creio, Pai Nosso, nas intenções do Papa
* Estado de graça ou confissão e Comunhão.    

Purgatório. 
Na Bíblia não se encontra a palavra “purgatório”, mas sua existência pode se concluir a partir do contexto bíblico.

Se alguém está no céu não precisa de orações para salvar-se, pois já está salvo. Se alguém está no inferno, não existe oração que o retire de lá. Como, porém nada de pecado entra no céu (Apoc. 21,27) e nem todos os mortos estão livres de pequenas faltas e culpas, que não merecem a condenação eterna, segue-se que eles precisam de alguma purificação.

Outras passagens bíblicas que fundamentam o purgatório:    
Em S. Mateus, 12,32: “Se alguém disser uma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas se disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro”.
 
Neste texto é clara a afirmação de que há pecados que podem ser perdoados neste mundo (no tempo) e outros que podem ser perdoados no mundo vindouro (na eternidade).

Em II Macabeus, 12,43-46 lemos: “Judas, tendo feito uma coleta, mandou duas mil dracmas de prata a Jerusalém, para se oferecer um sacrifício pelo pecado. Obra bela e santa, inspirada pela crença na ressurreição... Santo e salutar pensamento de orar pelos mortos. Eis porque ele ofereceu um sacrifício expiatório pelos defuntos, para que fossem livres de seus pecados.”

Ora ser livre de seus pecados, depois da morte, pelo sacrifício expiatório, indica claramente a possibilidade de purificação.

TEXTOS para meditação.
*Jo. 11,17-27 = Lázaro.                                            
* Jo. 11, 32-44 = Lázaro.
* Jo. 6, 53-58 = Pão da Vida
* Jo. 19,28-37. = Morte de Jesus.
* 1 Cor. 15,1-19 = Ressurreição
* Mt. 27,45-54 = Morte de Jesus
* Apoc. 21,1-7 = Novo céu e nova Terra.

ORAÇÕES PELOS FALECIDOS:

Ó Deus, vossos dias não tem fim e vossa misericórdia não tem limites, fazei-nos sempre lembrar a brevidade da vida e a incerteza da hora da morte. Que vosso Espírito Santo nos conduza neste mundo, todos os dias de nossa vida na santidade e na justiça. E depois de vos servirmos na terra na comunhão de vossa igreja, na confiança de uma fé segura, na consolação da esperança e na perfeita caridade para com todos, possamos chegar ao vosso reino. Por Cristo Senhor nosso. Amém
Ouvi, ó Pai, as preces dos que crêem na ressurreição do vosso Filho e aumentai a nossa esperança na ressurreição dos nossos irmãos falecidos.

Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá e todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá para sempre, diz Jesus.

Em Jesus brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição e aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola. Ó Pai, para os que crêem em vós, a vida não é tirada, mas transformada, e desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível.

Nas vossas mãos, Pai de misericórdia, entregamos a alma de nosso falecido, na firme esperança de que ele ressurgirá com Cristo no último dia, como todos os que no Cristo adormeceram. Escutai na vossa misericórdia as nossas preces: abri para ele as portas do paraíso, e a nós que ficamos, concedei que nos consolemos uns aos outros com as palavras da fé, até o dia em que nos encontraremos todos no Cristo e assim estaremos sempre convosco.

Senhor Deus da vida, Criador de tudo o que existe, estamos diante da sepultura de parentes falecidos.
Teu Filho Jesus ensinou que nossa vida é como semente que deve morrer para produzir frutos.

Senhor, queremos agradecer-te pelo bem que recebemos de nossos falecidos.

Nós acreditamos que eles(as) continuam vivos(as) diante de ti, vivos(as) de uma vida que não tem mais nenhum fim, nem dor, nem lágrimas.

Que teu amado Filho, o Bom Pastor, os(as) leve nos ombros e dê a todos nós que aqui ficamos, que nos consolemos uns aos outros com as palavras da fé e da esperança. Cremos, Senhor, na ressurreição da carne e na vida eterna. 

Amém.

domingo, 3 de novembro de 2013

Palavra do Padre: Joio dos tempos atuais

Desde que aqui cheguei na Paróquia Santo Antônio, tenho me desdobrado no sentido de chamar a atenção de todos que já faziam parte dessa comunidade e também dos novos que estão chegando, para que tenham muito cuidado com aquilo que vou chamar de "joio dos tempos atuais", que seria o individualismo, o fechamento e a indiferença.

Não podemos viver o testemunho cristão olhando somente para minha vida, minha família, minha casa, meu apartamento, meu carro, meu trabalho, minha conta bancária, meus amigos, meu grupo ou minha pastoral, e etc. Só me envolvo com aquilo que é de meu interesse e que me faz bem. Jesus olha para nós nesse momento e está nos dizendo: "Esse não pode ser meu discípulo" (Lc 14,26).

Somos chamados por Jesus, por meio de sua Igreja hoje, a sair deste arraigado individualismo, tirando fora esse joio que nos confunde e nos desvia do caminho da salvação. Como seus discípulos, devemos testemunhar nosso seguimento na contramão do que nos ensina o mundo.

É perceptível que nos esquecemos muitas vezes que a Igreja é a nossa família marior, de muitos irmãos e irmãs, como nos ensina São Paulo na Carta aos Coríntios: "Mas, de fato há muitos membros e, no entanto um só corpo. O olho não pode dizer à mão: Não preciso de ti, nem a cabeça dizer aos pés: Não preciso de vós. Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. Vós todos sois o Corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo". (1 Cor. 12, 20-21, 26-27).

Portanto, oos discípulos de Jesus deveriam ter um espírito fraterno e comunitário, queimando o "joio dos tempos atuais", saindo de uma situação de pecado e se tornando verdadeiros discípulos e missionários de Jesus, na família, na escola, no trabalho, na Igreja e nos vários ambientes e situações que estamos vivendo. Não fechados olhando somente para as coisas e as situações do nosso pleno interesse. Aliás, o interesse maior deve ser o bem comum, a comunidade, a Paróquia, a Igreja na sua totalidade.

Só assim, seremos verdadeira Igreja-comunidade de Jesus Cristo.

Um abraço fraterno em Cristo Jesus.

Pe Francinaldo Sousa

domingo, 27 de outubro de 2013

João XVIII - Reforma da Humildade

Há exatos 55 anos era eleito Angelo Giuseppe Roncalli para ser o novo Papa da Igreja Católica, assumindo o nome de João XVIII, sucedendo o Papa Pio XII. Seu pontificado foi marcado pelo Concílio Vaticano II, iniciado em 1962, para mostrar ao mundo uma imagem de paz e humildade.

Esse ano, muitos se surpreenderam com várias atitudes do Papa Francisco, eleito em março. Ele trouxe cadeira e lanche para um vigia noturno no Vaticano carrega as próprias bagagens, não é afeito a muito luxo, enfim, um ato de humildade atrás do outro. Claro que tinha que nos surpreender, afinal, hoje estamos em um mundo extremamente egoísta e egocentrista, onde latas de cerveja são arremessadas de janelas de carro no meio de rodovias e carrinhos de supermercados são largados no meio de vagas ou atrás de outros carros e o dono dele que se vire para guardar. Então, quando alguém em uma posição tão importante como a de papa mostra atitudes como as do Papa Francisco é de se surpreender mesmo.

Por conta disso é muito comum a opinião que a Igreja Católica mudou que agora está mais humilde e etc. O Papa João XXIII é um grande exemplo disso. Com um pontificado em meio a Guerra Fria, crise dos mísseis e corridas espaciais, ele deu diversos exemplos de humildade, perdão e amor ao próximo. Fo no concílio realizado em seu pontificado que teve, em sua reforma litúrgica, uma das mudanças de conduta mais importantes no que se refere à humildade e respeito ao próximo: A de rezar a missa no idioma local. Hoje, parece até banal isso, mas mudanças desse gênero eram muito contestadas, tanto por cardeais quanto por fiéis e seguidores. Tratado muitas vezes como "modernizador", acho que ele "apenas" mostrou ao mundo como respeitar o próximo, como perdoar um amigo, como entender posições contrárias.

Para quem não conhece ainda a história de sua vida e de seu pontificado, indico o filme "Papa João XXIII, o Papa Bom" que você pode ver no link do Youtube abaixo. Uma história linda e emocionante.

Suas lições, sua vida e seus exemplos estiveram sempre presentes nos pontificados posteriores, como o do Papa João Paulo II e do atual Papa Francisco. A humildade desses homens não mudou. O que mudou foi nosso egoísmo, nossa falta de respeito com o próximo. A Guerra Fria da época é o Oriente Médio de hoje, ou seja, um querendo impor sua vontade e seu modo de vida ao outro por motivos muito menores que a tão alardeada "busca pela liberdade". Mas, estamos tão habituados a viver nesse egoísmo, nessa ganância que hoje, talvez, choque mais uma atitude de humildade como as comentadas aqui feitas pelo Papa Francisco que achamos que é novidade, que é diferente. Conhecendo o passado, vejo que não é novidade. Apenas perdemos o caminho.



sábado, 26 de outubro de 2013

Mês das Missões: Levar as Pessoas à Jesus

A Mensagem do Papa Francisco para Dia Mundial das Missões 2013, a ser celebrado no próximo dia 20 de outubro, é um vigoroso apelo a que cada cristão assuma o compromisso de comunicar aos outros a alegria de conhecer Jesus Cristo. Com efeito, “conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DAp, 29). Assim, levar as pessoas a Jesus, ao encontro com Ele, é uma urgência inadiável em todos os recantos do mundo.

“O anúncio do Evangelho, escreve o Papa, é um dever que brota do próprio ser discípulo de Cristo e um compromisso constante que anima toda a vida da Igreja” (Mensagem, n. 1). Cultivar e deixar-se abrasar pelo ardor missionário é sinal de maturidade cristã. Não podemos ficar trancados e fechados em nós mesmos; antes, pelo contrário, precisamos anunciar a Palavra de Deus, sobretudo, a quem não conhece Jesus.

Ninguém se auto exclua dessa tarefa. O Santo Padre convida os bispos, os presbíteros, os conselhos presbiterais e pastorais cada pessoa e grupo responsável na Igreja a porem em relevo a dimensão missionária. Muitas vezes, adverte o Papa, os obstáculos à obra evangelizadora encontram-se dentro da própria comunidade eclesial. De fato, o estado de espírito frio e indiferente de muitos batizados insuficientemente evangelizados, a falta de fervor, de alegria, de coragem e de esperança, são barreiras a impedir o caminho da evangelização. Nada, porém, nos tire a ousadia e a alegria de propor aos outros o encontro vivo com Cristo ressuscitado.

Por outro lado, insiste o Papa Francisco, não se pode anunciar Cristo sem a Igreja. Evangelizar nunca é um ato isolado, individual, privado, mas sempre eclesial” (ibidem, 3). Portanto, quando alguém, no rincão mais remoto, prega o Evangelho, ele perfaz  um ato de Igreja (cf. EN, 60). Isto fortalece a missão e faz sentir a cada missionário e evangelizador que nunca está sozinho, mas é parte de um único Corpo animado pelo Espírito Santo (cf. ibidem).

Convém recordar ainda que “a missionariedade da Igreja, insiste o Papa, não é proselitismo, mas testemunho de vida que ilumina o caminho, que traz esperança e amor” (Mensagem, n. 4). Somos interpelados, outrossim, a corresponder generosamente à voz do Espírito, segundo o próprio estado de vida, bem como a apoiar a vocação missionária “ad gentes” e a ajudar as Igrejas que precisam de sacerdotes e de leigos/as para revigorar a comunidade cristã (cf. Mensagem, n. 5).

Depende de nós multiplicar os poços para os quais convidar os homens e mulheres sedentos e ali fazer com que encontrem Jesus. Sejamos oásis nos desertos da vida de quem anda à procura do encontro com Cristo. Ajudemos a fincar raízes do Evangelho onde a Palavra de Deus ainda não encontrou terra boa para produzir fruto de salvação.

A Mãe de Jesus e nossa nos acompanhe na missão de levar Cristo, como Ela o fez, a cada pessoa que encontrarmos pelas estradas da vida.

Dom Nelson Westrupp, scj
Bispo Diocesano de Santo André

Texto originalmente publicado no site da Diocese de Santo André

Mês das Missões: Eu e minha pastoral estamos saindo em missão?

Você, coordenador ou participante de uma das pastorais da paróquia, já parou para pensar no trabalho que vem desenvolvendo? Já parou para olhar ao seu redor e perceber se suas ações estão sendo para levar a palavra de Jesus Cristo pelo mundo? Sei que são perguntas difíceis de serem respondidas. Contudo, este é um exercício que deveríamos fazer diariamente. É isso mesmo, "colocar na parede" a nossa atuação como missionário. Até que ponto minha colaboração ou empenho estão fazendo a diferença? Um caminho para encontrar respostas positivas ou mudar o curso de nossa atuação é usar nossas habilidades. Se sou tímido, preciso usar de melhor forma esta característica e assim por diante se sou desenvolto, comunicativo, líder ou simplesmente um simples voluntário. O Mês das Missões serve também para pararmos e darmos uma nota para nossa sede de ser missionário, como sempre nos convidará e exortará a amada Igreja Católica. E você, que nota se daria como missionário?

Carlos Eduardo Biagini

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Santo do Mês: São Cosme e Damião

Cosme e Damião eram irmãos gêmeos, médicos de profissão e santos na vocação da vida. Com a conversão passaram a ser missionários, aproveitando a ciência com a confiança no poder da oração. Levavam a muitos a saúde do corpo e da alma.

Viveram na Ásia Menor, até que diante da perseguição de Diocleciano, no ano 300 da era cristã, foram presos, pois eram considerados inimigos dos deuses e acusados de usar feitiçarias e meio diabólicos para disfarçar as curas. Tendo em vista esta acusação, a resposta deles era sempre: "Nós curamos as doenças, em nome de Jesus Cristo e pelo Seu poder!".

Diante da insistência, quanto à adoração aos deuses, responderam: "Teus deuses não têm poder algum, nós adoramos o Criador do céu e da terra!"

Jamais abandonaram a fé e foram decapitados em 303. São considerados os padroeiros dos farmacêuticos, médicos e das faculdades de medicina.

São Cosme e São Damião, rogai por nós!

Texto originalmente publicado no Jornal do Mês de Outubro da Paróquia

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Outubro: Mês das Missões

O mês de outubro é, para a Igreja Católica em todo o mundo, o período no qual são intensificadas as iniciativas de informação, formação, animação e cooperação em prol da Missão universal. O objetivo é promover e despertar a consciência, a vida e as vocações missionárias, bem como realizar uma Coleta mundial para o sustento de atividades de promoção humana e evangelização nos cinco continentes, sobretudo em países onde os cristãos são ainda uma minoria e as necessidades materiais são mais urgentes.

A Campanha Missionária acontece durante o mês de outubro e procura envolver todos os cristãos, com os grupos e as comunidades, nas Dioceses e Regionais. É um tempo propício, para refletir sobre a nossa responsabilidade com a missão universal. Assim o tema proposto, “Brasil missionário, partilha tua fé”, quer motivar e valorizar o que já fazemos e o quanto precisamos avançar. É nosso compromisso viver a solidariedade, a partilha e a ajuda mútua em todas as partes do mundo, seja na oração, no testemunho e na generosidade com a oferta.

As POM do Brasil querem ajudar a despertar e criar em cada cristão maior consciência e espírito missionário. Na vida e ação pessoal e comunitária, precisamos responder ao mandato de Jesus: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 19-20).

domingo, 6 de outubro de 2013

Conhecendo os movimentos da nossa Paróquia: Grupo Imaculada Conceição

Neste mês, vamos conhecer o Grupo Imaculada Conceição, que é um movimento que surgiu entre amigos em 2010 com o desejo de arrebanhar as pessoas afastadas da Igreja. Sentimos a necessidade de ir atrás das ovelhas desgarradas a partir da experiência de encontro com o Senhor. Nosso objetivo é reavivar no coração dessas pessoas o desejo de viver novamente os sacramentos da Igreja e também engajá-las nas respectivas paróquias, incentivando-as a participar das diversas pastorais que elas oferecem.

Vivemos na prática o 7º Plano Pastoral, tendo como objetivo o caráter de missão a partir de Cristo. Queremos com essas pessoas criar um laço familiar onde um se torna o sustento do outro e incentiva a vivência do Evangelho.

Fazemos da seguinte forma:
* Atendemos às segundas-feiras na paróquia com oração, adoração ao Santíssimo e diálogo particular.
* Às quintas-feiras visitamos as famílias em suas residências para ter um diálogo familiar incentivando-as a se reaproximarem da Igreja. Ex.: terço, louvor, leitura da palavra e oração;
* No último sábado de cada mês, às 19h, nos reunimos na paróquia para formação da palavra, louvor e experiência de oração.

Venha participar conosco e caso queira uma visita da equipe em sua casa ou receber oração na capela, favor contatar a Rosana no telefone 98362-8076. Você também pode nos contatar pelo e-mail grupo.imaculadaconceicao@gmail.com.

Palavra do Padre: PAZ

Nos últimos dias, fomos informados pela mídia com mais ênfase sobre espionagens, violência e guerra, o que nos passam uma insegurança sem precedentes. Uma situação mundial desoladora, em que alguns povos não são respeitados na sua soberania, que não são considerados nos seus direitos e deveres, que vivem numa ditadura do sangue e das armas.
Diante de tal situação, a Igreja não fica e nem poderia ficar indiferente; mas, se mostra vigilante, atenta e preocupada. A mensagem do Evangelho é essencialmente de paz. O próprio Cristo é definido como "Príncipe da Paz" pelos profetas. Ele veio nos deixar sua paz (Jo 14, 27), quem é de Cristo não pode mesmo ficar indiferente à falta de paz, porém, a paz não é só uma palavra e sim uma vivência. Como nos ensina a Palavra de Deus, somos embaixadores da paz, assim não pode a Igreja deixar na sua missão continuadora da presença de Cristo, em obras e palavras, de lutar e construir um mundo de paz.
Por isso, o Papa Francisco convocou os cristãos do mundo inteiro à oração, ao jejum e a penitência, em favor do mundo e de modo especial os que se encontram em situação de guerra. Portanto, peço aos paroquianos que não fiquem indiferentes a essa situação e a convocação do nosso queriro Papa.

Minha benção à todos!

Pe. Francinaldo Sousa

Mensagem originalmente publicada no Jornal de Outubro da Paróquia

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Mês da Bíblia: Livros apócrifos: entenda o que são e como lidar com seu conteúdo

A palavra “apócrifo” significa “escrito secreto, reservado, oculto, não lido publicamente”. Os livros apócrifos não fazem parte do cânon - lista oficial de livros inspirados - da Bíblia Sagrada. O conteúdo de alguns deles pode ser considerado ao máximo como um auxílio para entender alguns detalhes históricos, não de fé.

De acordo com o padre Antônio Xavier, mestrando em Sagradas Escrituras e sacerdote da Comunidade Canção Nova em missão na Terra Santa, eles nunca foram considerados inspirados pela Igreja, porque alguns apresentam conteúdo herético, ou seja, com erros de fé, outros distorcem informações históricas e alguns não possuem uma real utilidade.

A leitura destes livros não é proibida pela Igreja. No entanto, padre Xavier destaca que os fiéis que quiserem ler este material devem fazê-lo com certa cautela, conhecimento prévio do assunto tratado no livro e uma  formação boa da doutrina católica. 

“Os livros apócrifos podem ser lidos sim, mas não como livros inspirados. A Igreja não proíbe a leitura dos apócrifos, mas não os ensina para evitar que as divergências contidas neles possam gerar confusão de fé na cabeça das pessoas. Eu, pessoalmente, desaconselho a leitura de apócrifos sem uma prévia leitura de uma boa crítica sobre eles e uma prévia leitura dos evangelhos canônicos, para evitar que se termine com as ideias mais confusas do que claras”, disse.

A utilidade dos livros apócrifos para a Igreja está no auxilio que alguns podem dar para melhor compreensão de detalhes históricos. Trata-se apenas de um uso para estudo, não na liturgia, e muito menos de uso catequético.

O padre explica que como alguns deles tendem a preencher lacunas dos livros canônicos, podem representar ao menos uma pista para recuperar uma informação antiga, como o trajeto feito pela Sagrada Família quando foram para o Egito, e etc. “Mesmo os que são heréticos, erram em dados de fé, mas podem conter informações históricas que podem ser investigadas posteriormente”.

Como discernir se um livro é apócrifo ou não?
Uma das questões presentes na discussão sobre os livros apócrifos está na sua origem. Para a Igreja Católica, eles não são escritos inspirados por Deus. Segundo o padre Xavier, os critérios utilizados para discernir quanto à inspiração dos livros do Novo Testamento são baseados nos padres apostólicos, utilizados desde o primeiro século do cristianismo. 

De acordo com o padre, foram quatros os critérios utilizados: o livro deveria ter origem apostólica, ou seja, ter sido escrito por um apóstolo ou escrito durante o período de vida dos apóstolos por alguém que tivesse convivido com algum; não poderia conter contradições de fé em relação aos demais livros considerados sagrados. Além disso, deveria ser capaz de conduzir a uma relação especial com Deus, ou seja, por si só ser capaz de gerar, reforçar e amadurecer a fé e ter sido aceito pela Igreja primitiva em sua liturgia.

O cânon da Bíblia
Já os livros canônicos, embora sejam de inspiração divina, foram escritos por mãos humanas, fruto de um longo período histórico de amadurecimento da fé, explica padre Xavier.. “Enquanto a fé da comunidade não era madura o suficiente, o Espírito Santo não inspirou a escrita, para dizer que um livro da Sagrada Escritura é sempre inspirado em um ambiente saudável de fé”. 

Para a Igreja, a inspiração divina sobre a Bíblia se distingue da chamada inspiração divina contida em outros escritos (textos espirituais, catequeses, homilias, e etc). “Para estas, o homem de fé se inspira na Bíblia e depois a explica, sem acrescentar e sem contradizer, por meio da arte, seja falada, escrita, construção de ícones e etc”.

Durante a entrevista, feita pelo noticias.cancaonova.com ao padre Xavier, ele também explicou como os protestantes veem os livros apócrifos. Além disso, o sacerdote dá outros detalhes sobre os dados históricos destes livros, a origem de sua inspiração e apresenta uma lista dos livros apócrifos.

sábado, 21 de setembro de 2013

O que é um Livro de Ouro?

A ideia de se fazer um Livro de Outro surgiu em tempos remotos, com a finalidade de deixar registrados acontecimentos importantes de uma sociedade, de um grupo ou de uma comunidade muitas vezes não aceitos pelos governantes, pois só a eles lhes cabia o direto de fazê-lo.
O Livro de Ouro é um documento histórico, onde consta uma ação realizada por um grupo de pessoas com um objetivo comum.
Os que fazem parte de um Livro de Ouro, são aqueles (homens e mulheres) que se empenharam com mais ardor em realizar esta ação.
O Livro de Ouro da Paróquia Santo Antônio terá como conteúdo a assinatura de todos que contribuíram e contribuirão para a Construção e reforma da Paróquia. Assim, seus nomes ficarão eternizados e farão parte desta história.
Venha participar deste livro! Dê a sua contribuição. Assim as futuras gerações (filhos e netos) poderão ver em cada detalhe, em cada tijolo da Igreja um pouco do sacrifício e do amor de seus pais que acreditaram em um sonho: Dar uma casa digna Aquele que tanto fez para humanidade.

Paróquia Santo Antônio
São Caetano do Sul - SP

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Mês da Bíblia: O Livro dos Livros

Devemos um tribulo de gratidão aos homens que escreveram a Bíblia Sagrada. Sem dúvida, o dedo de Deus está nos Salmos harmoniosos e nas cartas doutrinárias de Paulo de Tarso entre outros.

A Torá é uma coleção de cinco livros iniciais desta magnífica obra de Fé e de Verdade que é a Bíblia Sagrada.

Os Profetas desfilam em mais de dois mil anos de história do povo hebreu. Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oseias, Joel e muitos outros nos dão lições de Vida e de Amor a Deus.

Jesus é a coroa maior da Bíblia e divide em duas águas o Velho e o Novo Testamento. Os discípulos e apóstolos do Mestre de Nazaré relatam a sabedoria maior de Jesus e, cada um a seu estilo, tentam revelar esta figura ímpar que é o Cristo em nosso meio.

Todos os estilos foram respeitados e João Evangelhista nos premia com um Evangelho poético e as divinas revelações do Apocalipse. Lucas, médico e amigo, além de escrever com critério o Evangelho segundo Lucas nos ilumina com os Atos dos Apóstolos logo depois da mudança espiritual de Jesus do nosso plano. Vale a pena abrir o velho volume que está na estante de nossas casas e nos deleitarmos com a maior obra de literatura e sabedoria escrita, até hoje, entre nós.

Paulo Roberto Girão Lessa

Fonte: Almanaque Santo Antônio 2013

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Mês da Bíblia: Conhecer para amar a Palavra de Deus

"Quando se apresentavam palavras tuas, eu as devorava: tuas palavras eram para mim contentamento e alegria de meu coração” (Jr 15,16).

Aproximar-se da Palavra de Deus gera alegria no coração. O mês dedicado à Bíblia quer mais uma vez lembrar de sua importância em nossa caminhada cristã. Ler, escutar atentamente, conhecer existencialmente, contemplar, amar, deixar-se transformar pela Palavra, é o melhor caminho para o encontro pessoal com o Senhor. “De manhã em manhã ele me desperta, sim, desperta o meu ouvido para que eu ouça como os discípulos” (Is 50,4).

Toda a História da Salvação comprova que a Palavra de Deus é viva. Quem toma a iniciativa de se comunicar é o próprio Deus, fonte da vida (cf. Lc 20, 38). A sua Palavra dirige-se ao ser humano, criado para ser capaz de entrar em comunicação com o seu Criador. A Palavra de Deus acompanha o ser humano desde a criação até o fim de sua peregrinação terrena.

Manifestou-se de diversos modos, atingindo o ápice na Encarnação do Verbo, por obra do Espírito Santo (cf. Jo 1, 1. 14). Jesus Cristo, morto e ressuscitado, é “Aquele que vive” (Ap 1, 18), Aquele que tem palavras de vida eterna (cf. Jo 6, 68).

Na Bíblia encontramos tudo o que Deus tem a nos comunicar. Antes de se fazer carne e alimento eucarístico, o Verbo se fez escritura, Palavra de vida e de amor, revelação de sua bondade e infinita misericórdia.

O homem e a mulher de hoje sentem uma grande necessidade de ouvir Deus e falar com Ele. Há uma abertura apaixonada pela Palavra de Deus. A escuta religiosa da Palavra de Deus é fundamental para o encontro com Ele. Vivemos a vida segundo o Espírito em proporção da capacidade de dar espaço à Palavra, de fazer nascer o Verbo de Deus no nosso coração. A essa abertura do ser humano Deus invisível fala aos seres humanos como a amigos e conversa com eles, para convidá-los e recebê-los em comunhão com Ele (cf. DV 2).

A leitura freqüente da Bíblia nos habituará à voz do Espírito, ajudar-nos-á a reconhecê-la nas diversas circunstâncias da vida, nos ensinará a contar nossos dias e a ter um coração sábio (cf. Sl 89,12).

A Palavra nos faz mergulhar em Deus, leva-nos a uma união sempre mais íntima com ele, cria em nós o “senso bíblico”, uma mentalidade segundo o autor sagrado.

A compreensão e penetração da Escritura sagrada acontece na razão direta com a transparência de coração e a santidade de vida. A alma que lesse a Palavra sem a preocupação de vivê-la e pôr em prática sua mensagem, morreria de sede à beira dessa fonte de água viva... É questão de abandonar-se ao louvor silencioso do coração, num clima de oração adoradora, como a Virgem do silêncio e da escuta, porque todas as palavras de Deus se resumem e devem ser vividas no amor (cf. Dt 6, 5; Jo 13, 34-35).

A exemplo de Maria Santíssima, somos convidados a redescobrir a maravilha da Palavra de Deus, que é “viva, eficaz e mais penetrante que qualquer espada de dois gumes” (Hb 4, 12). Redescobrir sua eficácia no próprio coração da Igreja, na sua liturgia e na oração, na evangelização e na catequese, na vida pessoal e comunitária. A Palavra de Deus qualifica a presença da Igreja na sociedade como fermento de um mundo mais humano.

O ideal seria transplantar a Palavra de Deus para dentro de nós, apoderando-nos dela, convertendo-nos totalmente a ela. Assim, nossos pensamentos, sentimentos e desejos, dariam lugar ao pensar, sentir, querer e amar de Cristo Jesus. Feitos discípulos/as de Jesus, poderemos experimentar o sabor da Palavra de Deus (cf. Hb 6, 5), vivendo-a na comunidade eclesial e anunciá-la aos de perto e aos de longe, tornando atual o convite de Jesus, Palavra feita carne: “o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa-Nova” (Mc 1, 15).

O mais desejável, portanto, é que cada um de nós tenha apetite sempre mais delicioso para a Palavra de Deus, e adquira um verdadeiro ”espírito bíblico” em seu peregrinar de volta para a casa do Pai. Empenhando-nos em conformar nossa vida ao que lemos, a Palavra nos transformará e nos renovará espiritualmente. Não endureçamos, pois, os nossos corações, nem engrossemos o número daqueles que ouviram a palavra e de nada adiantou. Antes, ouçamos “hoje” a sua voz, “pois a Palavra de Deus é viva e eficaz” (cf. Hb 4, 2.7.12). O espírito dócil e disponível lê, ouve, medita, reza, contempla e vive a Palavra de Deus.

Dom Nelson Westrupp

Fonte: Portal Católico

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Especial Setembro: Mês da Bíblia

Confira todas as postagens do nosso Especial de Setembro: Mês da Bíblia

Em que ordem ler a Bíblia?

Regras de ouro para ler a Bíblia




Mês da Bíblia: Em que ordem ler a Bíblia?

A Bíblia não é um simples livro. Ela é uma biblioteca de 73 livros. Eles são bem diferentes uns dos outros, têm os mais diversos estilos, foram escritos em épocas muito distantes e em situações muito diferentes.

É necessário um Plano de leitura. No início, há muita coisa que não se entende, o que é muito natural. Até na leitura de um romance acontece isso. Não pare por causa disso, prossiga, à medida que se vai lendo, as coisas vão se esclarescendo umas às outras. É uma regra de ouro: a Bíblia se explica por si mesma. Por isso é tão importante um plano de leitura.

Existem vários planos de leitura. Todos eles são bons, porque se baseiam num princípio. Apresento aqui um determinado plano. Ele se destina àqueles que desejam começar a ler a Bíblia e não têm outros recursos a não ser conhecer a Bíblia através dela mesma. Siga a ordem indicada aqui, ela faz parte do método.

Plano de leitura do Novo Testamento

1. 1ª Carta de São João. (2 vezes)

2. Evangelho de São João

3. Evangelho de São Marcos

4. As pequenas cartas de São Paulo:

Gálatas

Efésios

Filipenses

Colossenses

1ª e 2ª Tessalonicences

1ª e 2ª Timóteo

Tito

Filêmom

5. Evangelho de São Lucas

6. Atos dos Apóstolos

7. Carta aos Romanos

8. Evangelho de São Mateus

9. 1ª e 2ª Carta aos Coríntios

10. Hebreus

11. Carta de São Tiago

12. 1ª e 2ª Carta de São Pedro

13. 2ª e 3ª Carta de São João

14. Carta de São Judas

15. Apocalipse

16. 1ª Carta de São João (3ª vez)

17. Evangelho de São João (2ª vez)

"Nunca mais a guerra"

O papa Francisco dedicou o Angelus deste domingo, 1º de setembro, ao tema da paz, recordando os tantos conflitos em diversas partes do mundo, no Oriente Médio e em especial na Síria. O pontífice disse estar “profundamente ferido” pelo que está acontecendo na Síria, naquele “martirizado país” e em outros locais de conflito e por isto convocou um Dia de Oração e Jejum para 7 de setembro, convidando a todos cristãos, fiéis de outras religiões e não-crentes.

“Nunca mais a guerra! Nunca mais a guerra! A paz é um dom muito precioso, que deve ser promovido e tutelado”, disse o papa. “Com uma angústia crescente o grito da paz eleva-se de todas as partes da Terra, de todos os povos, do coração de cada um, da única grande família que é a humanidade”, continuou.

O papa declarou ainda que acompanha, com preocupação, tantas situações de conflito. Mas que nestes dias tem o coração profundamente ferido pela situação da Síria. Francisco disse estar angustiado pelo dramático desenvolvimento dos acontecimentos. “Quanta devastação, quanta dor trouxe e traz o uso das armas naquele país martirizado”.

“Com particular firmeza condeno o uso de armas químicas”, declarou veemente o Santo Padre, que conclamou a todos a pensarem em quantas crianças não poderão ver a luz de um futuro. “Existe um juízo de Deus e também um juízo da história sobre nossas ações ao qual não se pode escapar!”.

“Não é nunca o uso da violência que leva à paz”, advertiu: “Guerra chama guerra, violência chama violência! Com todas as minhas forças peço às partes envolvidas no conflito para escutarem a voz de suas consciências, de não fecharem-se nos próprios interesses mas de olhar o outro como a um irmão e de tomarem, com coragem e decisão, o caminho do encontro e da negociação, superando a cega contraposição”.

O papa então apelou à comunidade internacional para que realize todo esforço possível, promova sem demora iniciativas claras pela paz, baseadas no diálogo e na negociação para o bem de toda a população síria. “Que não sejam poupados esforços em garantir assistência humanitária a quem é atingido por este terrível conflito, em particular aos deslocados no país e aos numerosos refugiados nos países vizinhos”.

Então o papa perguntou: “O que podemos nós fazer pela paz no mundo? A paz é um bem – recordou – que supera todas as barreiras porque é um bem de toda a humanidade”.

“Repito em alta voz: Não é a cultura do confronto, a cultura do conflito que constrói a convivência nos povos e entre os povos, mas esta – a cultura do encontro, a cultura do diálogo, este é o único caminho para a paz. Que o grito da paz se eleve alto, para que chegue ao coração de todos, e que todos deponham as armas e deixem-se guiar por desejo de paz”.

Por fim, o convite a todos os católicos, aos fiéis de outras religiões e aos não-crentes para participar de um Dia de Oração e Jejum pela Paz na Síria, no Oriente Médio e no mundo inteiro: “O 7 de setembro, na Praça São Pedro, aqui, das 19 até às 24 horas, nos reuniremos em oração e em espírito de penitência, para pedir a Deus este grande dom para a amada Nação síria e para todas as situações de conflito e de violência no mundo. A humanidade tem necessidade de ver gestos de paz e de sentir palavras de esperança e de paz”.

Fonte: CNBB

Mês da Bíblia: Regras de ouro para ler a Bíblia

1. Leia a Bíblia todos os dias

Eis a principal regra de ouro: ler a Bíblia todos os dias. Sem exceção. Leia quando tiver vontade e quando não tiver também! É como remédio: com ou sem vontade, tomamos, porque é necessário. Com a Bíblia é a mesma coisa. E nos tempos em que vivemos, isso é premente.

Assim como você alimenta o corpo todos os dias, alimente diariamente o seu espírito com a Palavra de Deus. Assim como tomamos banho todos os dias e, quando não podemos fazê-lo de manhã, à noite o corpo pede um banho, assim também se passa com a leitura da Bíblia: se você não conseguir ler durante o dia, sem que você se aperceba, o seu espírito ficará pedindo um banho da Palavra de Deus. Não deixe de dar ao seu espírito o que você dá ao seu corpo!

Tem gente que não consegue dormir sem tomar banho; essas pessoas se viram e se reviram na cama sem dormir. Que eu e você sejamos assim: que não possamos dormir sem o banho da leitura da Palavra de Deus.

2. Tenha uma hora marcada para a Leitura

Para grande parte das pessoas, a melhor hora de ler é de manhã cedinho. Elas se levantam cedo para ler a Bíblia e fazer o seu trabalho com o Diário Espiritual, antes das outras ocupações e do começo do movimento em casa.

Trata-se de um costume maravilhoso. É certamente o que mais rende. Além disso, tem-se a vantagem de iniciar logo cedo, uma super-refeição e começamos o dia com força total.

Há, porém quem tenha dificuldades para fazer isso. São pessoas que, pela manhã, sentem-se pesadas, sonolentas. Parece que a cabeça não funciona. Elas não conseguem se concentrar. E não adianta fazer esforço, pois terminam por gastar tempo para alcançar pouco.

Nada há de estranho nisso. Existem muitas pessoas assim, talvez você seja uma delas. Essas pessoas em geral, rendem mesmo à noite. Apesar do cansaço do dia, à noite sua mente fica desperta, ativa... Se para você o período bom for o noturno, não hesite: trabalhe com a Bíblia à noite.

Fazer isso também tem vantagens: você prolonga a leitura até a hora que quiser e vai dormir com um bom conteúdo na mente. E o seu inconsciente com certeza, vai trabalhar com todo esse material.

Para muitas mães de família, o melhor momento é o meio da tarde, depois de terminar os trabalhos domésticos. Nessa hora, elas estão sossegadas, não havendo barulho nem movimento na casa, o que lhes permite trabalhar com a Bíblia.

O importante é descobrir o melhor período para você. E fazer dele a sua hora marcada, sendo-lhe fiel, sem exceções.

3. Marque a duração da Leitura

Esta é outra regra de ouro: marque a duração da leitura e seja-lhe fiel. Seja sério consigo mesmo. É preferível 10 minutos todos os dias a ser levado pelo entusiasmo de quem começa e não ir em frente.

Muitas pessoas que, de início, exigiram muito de si mesmas, a fim de fazer com seriedade e constância esse trabalho, agora se confessam satisfeitas com o fato de que, passado certo tempo, sentiram um envolvimento e uma motivação tamanhos que a disciplina deixou de ser uma exigência. Do mesmo modo, dado o rigor com o qual encararam esse tempo para a leitura, hoje, percebem que se tornou curto. Elas precisam de mais tempo, o trabalho ficou com gosto de "quero mais". Pena que nem sempre seja possível.

4. Escolha um bom lugar

Ter o cantinho da gente é muito bom. E não precisamos de nada especial; o que importa é contar com um lugar tranqüilo, silencioso, que facilite a concentração e favoreça a criação de um clima de oração. Faz bem, ir todos os dias para o nosso cantinho e nele fazer o nosso trabalho com a Bíblia.

Lembre-se, todavia, que o lugar é uma coisa secundária: ele é apenas um meio para trabalharmos melhor e com maior resultado. Importante mesmo é, em qualquer lugar, em qualquer circunstância, realizar com dedicação a nossa tarefa.

5. Leia com lápis ou caneta na mão

Não se trata de simplesmente ler; devemos fazer uma leitura ativa. Um meio simples, mas eficaz é ler com lápis ou caneta na mão. Sublinhe as passagens mais importantes, tudo o que chamar a sua atenção, as coisas que lhe falaram e que o tocaram de modo especial. É até bom ter uma caneta de quatro cores e usar ora uma ora outra. Isso ajuda: ponha trechos em destaque, diferencie.

Utilize sinais que tenham sentido para você, faça anotações, não tenha medo de riscar a sua Bíblia. Ela é um instrumento de trabalho. Você vai ficar com a Bíblia bem marcada; vai ser fácil você se lembrar das passagens e encontrá-las quando procurar. Além disso, facilita a concentração na leitura, o entendimento da mensagem e a impressão do que é lido na mente e no coração.

6. Faça tudo em espírito de oração

Você não está apenas lendo a Bíblia, você está buscando um encontro com a Palavra de Deus. Está à procura de um contato íntimo com a Palavra Viva do Deus, que fala a você.

Trata-se de um diálogo: você escuta, você acolhe, você se toca, se sensibiliza, responde. É um encontro vivo entre pessoas vivas, um encontro de pessoas que se amam mutuamente. Muitos experimentaram essa relação. Experimente você também.

O principal interesse de Deus não é tanto fazer você escutar, mas falar com você. Ele deseja instruir você, quer conduzi-lo ao conhecimento da verdade. Por isso, esteja atento, fique alerta; mantenha-se numa atitude de expectativa. Deus tem algo de bem pessoal e concreto para lhe dizer!

Fonte: Canção Nova

domingo, 1 de setembro de 2013

São Jerônimo e as Escrituras Sagradas

Próximo do ano 366 d.C., por causa do modo de ser e da mentalidade dos povos orientais, na Igreja do Oriente havia vários ambientes onde os erros doutrinários encontravam terreno propício para germinarem. As heresias se difundiam e causavam confusão em todo o corpo social.

Era tal a situação que tornou-se necessária uma reação da autoridade espiritual e da temporal. Elas tinham que se unir para defender-se dos erros que ali pululavam.  Para isso o Imperador Teodósio e o Papa São Dâmaso resolveram convocar um sínodo em Roma.

O secretário do evento deveria ser Santo Ambrósio, porém, o culto e famoso bispo de Milão adoeceu gravemente. Para substituí-lo, o Papa convidou Jerônimo. Ele desempenhou esse cargo com muita eficiência e sabedoria. Reconhecendo em São Jerônimo seus dotes extraordinários e seu grande saber, o Papa São Dâmaso quis tê-lo junto de si e o nomeou como seu secretário, assim que terminou o sínodo.

Como secretário Jerônimo tornou-se o encarregado de redigir as cartas enviadas pelo Pontífice. Era dele uma outra atribuição muito importante dentro do governo da Igreja: "responder a todas as questões que se referissem à religião, de esclarecer as dificuldades das Igrejas particulares [dioceses], das assembleias sinodais, de prescrever àqueles que voltavam das heresias o que eles deveriam crer ou não, e de estabelecer, para isso, regras e fórmulas".

O Papa São Damaso desejava ter uma tradução da Bíblia que fosse o mais fiel possível aos textos originais. Os textos bíblicos até então existentes tinham imperfeições de linguagem e imprecisões de traduções. O Papa percebia a necessidade de uma tradução que pudesse servir de texto único e uniforme para servir de base para na liturgia, nos estudos e orações dos fiéis, já que as versões populares eram imperfeitas e passiveis de criar confusão entre os fiéis.

Foi então que o Papa São Dâmaso encarregou São Jerônimo de verter o texto das Escrituras Sagradas para o latim. O Papa sabia que seu secretário teria condições para levar a cabo esse importante projeto. Ele já tinha provas do profundo conhecimento que Jerônimo tinha dos textos bíblicos. Sua fama de latinista erudito e poliglota consumado era sabida por todos. Além do latim, ele conhecia bem o grego e o hebraico, e ainda entendia bem o aramaico; línguas muito ligadas aos textos Sagrados.

O trabalho de São Jerônimo abrangeu praticamente sua vida toda. Ele escrevia com elegância clássica o latim e traduziu a Bíblia inteira. Daí foi que surgiu a texto da Bíblia conhecido como "Vulgata", que significa "de uso comum". Essa tradução foi usada largamente em quase quinze séculos. Seu texto tornou-se oficial com o Concílio de Trento e só cedeu o lugar nos últimos tempos, depois de estudos linguísticos exegéticos mais recentes.

No trabalho deixado por São Jerônimo, ele mostra seu agudo senso crítico, um amor extraordinário à Palavra de Deus e uma grande riqueza de informações sobre tempos, usos e lugares relativos à Bíblia Sagrada. O Papa Clemente VIII afirmou que São Jerônimo, nesse trabalho de suma importância, foi assistido e inspirado pelo Espírito Santo.

A dedicação extraordinária que São Jerônimo teve na tradução das Escrituras Sagradas só pode ter, de fato, um motivo de origem sobrenatural. E é o que se confirma ao ver as explicações que ele mesmo deu ao justificar seu empenho nesse importantíssimo trabalho: "Cumpro o meu dever, obedecendo aos preceitos de Cristo que diz: ‘Examinai as Escrituras e procurai e encontrareis' para que não tenhais de ouvir o que foi dito aos judeus: ‘Estais enganados, porque não conheceis as Escrituras nem o poder de Deus'. Se, de fato, como diz o Apóstolo Paulo, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, aquele que não conhece as Escrituras não conhece o poder de Deus nem a sua sabedoria. Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo". 

O que o Espírito diz a Igreja?

O Espírito de Deus pairava sobre as águas (Gn 1,1-2), proclama o magnífico hino da criação do universo, no qual retorna, como alegre refrão, a afirmação de que tudo o que Deus criou é bom! É o mesmo Espírito de Deus que “falou pelos profetas” (Credo niceno-constantinopolitano), o Espírito cuja presença se reconhece agindo naquele que as gerações esperaram: “O espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu. Enviou-me para levar a boa-nova aos pobres, para curar os de coração aflito, anunciar aos cativos a libertação, aos prisioneiros o alvará de soltura; para anunciar o ano do agrado do Senhor, o dia de nosso Deus fazer justiça, para consolar os que estão tristes, para levar aos entristecidos de Sião um adorno em vez de cinzas, perfume de festa em vez de luto, ação de graças em vez de espírito abatido” (Is 61,1-3). É o Espírito de Deus, capaz de fazer reviver as ossadas ressequidas da visão de Ezequiel! (Cf. Ez 37,1-28). Na plenitude dos tempos, quando se realizam as profecias, a sinagoga de Nazaré, para escândalo de tantos e alegria daqueles que não deixaram apagar-se a chama da esperança, testemunha a presença aquele que é o Ungido do Pai, sobre o qual repousa o Espírito Santo.

É o mesmo Jesus do Batismo de João no Jordão, quando o Espírito apareceu sob forma de uma pomba. Ele, impulsionado pelo Espírito (Cf. Lc 4,14), realiza a sua missão e efetivamente traz consigo o ano da graça da parte do Senhor. Sua presença restaura, liberta e salva, de modo que ninguém passa em vão ao seu lado. Ele chama discípulos que caminham à sua frente, exulta no Espírito Santo e se alegra: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado” (Lc 10, 21). Jesus anuncia que Deus é Pai, abre a arca eterna do tesouro da Santíssima Trindade e revela que a vida divina não é solidão, mas comunhão, partilha, família. No monte da transfiguração, os discípulos “entram na nuvem” da presença do Espírito! Ali escutam e voz do Pai que os convida a ouvir e receber o Filho amado (Cf. Lc 9, 28-36). O “movimento” de amor existente da Santíssima Trindade é posto à disposição de todos os homens e mulheres de fé! Uma verdadeira voragem de vida sobrenatural, agora oferecida como dom!

Em sua Cruz redentora, Jesus Cristo “entrega” o Espírito (Cf. Jo 19,30). Já ressuscitado, Ele tem pressa! Sopra sobre os discípulos reunidos, para que recebam o Espírito Santo e se transformem em portadores da misericórdia e do perdão. Elevado aos Céus na Ascensão, leva à plena realização seu mistério pascal, infundindo, no Pentecostes da “inauguração da Igreja”, as línguas de fogo do Espírito Santo prometido, penhor da realização de suas palavras. Dali para frente, começa o tempo do Espírito, no qual nos encontramos, enquanto esperamos a vinda gloriosa de nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo.
Este é o tempo em que o dom do discernimento se faz presente e urgente. Já as Igrejas dos tempos apostólicos (Cf. Ap 2-3) buscavam o que o Espírito lhes dizia, para serem fiéis ao Senhor. As respostas ao discernimento continuam atuais: retornar ao primeiro amor da conversão, adquirir novo vigor para a evangelização, tomar consciência dos males existentes nas próprias comunidades, não ter medo dos sofrimentos, conservar o que é bom a todo custo, vigilância para identificar os problemas existentes, superar a mediocridade. Ele está à porta e bate, entra na casa, partilha os dons, repreende, educa os que ama! Até hoje as mesmas recomendações entram pelas portas dos corações e das Igrejas, com frutos abundantes para o anúncio do Evangelho.

Com esta iluminação, podemos buscar o discernimento do que o Espírito grita à Igreja de nosso tempo! Nos discursos de despedida, reunido com os apóstolos no Cenáculo, vendo-os assustados com as revelações que recebiam, desejava que estes tivessem a paz, quando os alerta que no mundo teriam aflições: “Tende coragem! Eu venci o mundo” (Jo 17, 33). Como a vitória que vence o mundo é a nossa fé, vem o chamado a não pretender destruir pessoas ou lançar-lhes sentenças de condenação, mas ir-lhes ao encontro, identificando com o farol da fé as sementes do Verbo de Deus que estão plantadas pelo próprio Espírito Santo.

Mais! Seja vencido todo o derrotismo e a acomodação! o Evangelho é o que existe de melhor e mais atual para as pessoas de nosso tempo. Cristão acuado é cristão derrotado! Antes, com o testemunho pessoal e com a palavra, manifestar que o bem existe e é maior do que o mal.

Quando as pessoas encontrarem comunidades unidas, vivas e ardorosas, oração, testemunho da Palavra de Deus, templos de portas abertas, espírito missionário, serão tocadas pela ação do próprio Espírito Santo, que é a alma da Igreja. Elas virão em busca dos inúmeros poços, nos quais desejarão encontrar água viva (Cf. Jo 4, 7-15). Ao encontrarem ministros da Igreja ungidos pelo Espírito, abrirão sua alma e acolherão o dom da graça! As palavras de sabedoria, então destiladas dos lábios das pessoas de Igreja, serão acolhidas de boa vontade! Onde o fogo da caridade manifestar a fé, os homens e mulheres de nosso tempo acorrerão pressurosos, pois também hoje o Senhor tem um povo escolhido e amado em cada lugar! (Cf. At 18, 10)
“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas!” (Ap 2,7.11.17.29; 3, 6.13.22).

Dom Alberto Taveira Corrêa

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Homilia do Papa Francisco na missa em Aparecida - 24/7/2013

Venerados irmãos no episcopado e sacerdócio, queridos irmãos e irmãs!

Quanta alegria me dá vir à casa da Mãe de cada brasileiro, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida. No dia seguinte à minha eleição como Bispo de Roma fui visitar a Basílica de Santa Maria Maior, para confiar a Nossa Senhora o meu ministério.

Hoje, eu quis vir aqui para suplicar à Maria, nossa Mãe, o bom êxito da Jornada Mundial da Juventude e colocar aos seus pés a vida do povo latino-americano.
Encorajemos a generosidade que caracteriza os jovens, acompanhando-lhes no processo de se tornarem protagonistas da construção de um mundo melhor: eles são um motor potente para a Igreja e para a sociedade. Eles não precisam só de coisas, precisam sobretudo que lhes sejam propostos aqueles valores imateriais que são o coração espiritual de um povo, a memória de um povo"
Papa Francisco
Queria dizer-lhes, primeiramente, uma coisa. Neste Santuário, seis anos atrás, quando aqui se realizou a 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, pude dar-me conta pessoalmente de um fato belíssimo: ver como os bispos – que trabalharam sobre o tema do encontro com Cristo, discipulado e missão – eram animados, acompanhados e, em certo sentido, inspirados pelos milhares de peregrinos que vinham diariamente confiar a sua vida a Nossa Senhora: aquela Conferência foi um grande momento de vida de Igreja.

E, de fato, pode-se dizer que o Documento de Aparecida nasceu justamente deste encontro entre os trabalhos dos Pastores e a fé simples dos romeiros, sob a proteção maternal de Maria. A Igreja, quando busca Cristo, bate sempre à casa da Mãe e pede: “Mostrai-nos Jesus”. É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na esteira de Maria.

Assim, de cara à Jornada Mundial da Juventude que me trouxe até o Brasil, também eu venho hoje bater à porta da casa de Maria, que amou e educou Jesus, para que ajude a todos nós, os Pastores do Povo de Deus, aos pais e aos educadores, a transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles construtores de um país e de um mundo mais justo, solidário e fraterno.

Para tal, gostaria de chamar atenção para três simples posturas: conservar a esperança; deixar-se surpreender por Deus; viver na alegria.

Conservar a esperança: A segunda leitura da missa apresenta uma cena dramática: uma mulher, figura de Maria e da Igreja, sendo perseguida por um dragão – o diabo – que quer lhe devorar o filho. A cena, porém, não é de morte, mas de vida, porque Deus intervém e coloca o filho a salvo.

Quantas dificuldades na vida de cada um, no nosso povo, nas nossas comunidades, mas, por maiores que possam parecer, Deus nunca deixa que sejamos submergidos. Frente ao desânimo que poderia aparecer na vida, em quem trabalha na evangelização ou em quem se esforça por viver a fé como pai e mãe de família, quero dizer com força: Tenham sempre no coração esta certeza! Deus caminha a seu lado, nunca lhes deixa desamparados!

Nunca percamos a esperança! Nunca deixemos que ela se apague nos nossos corações! O “dragão”, o mal, faz-se presente na nossa história, mas ele não é o mais forte. Deus é o mais forte, e Deus é a nossa esperança! É verdade que hoje, mais ou menos todas as pessoas, e também os nossos jovens, experimentam o fascínio de tantos ídolos que se colocam no lugar de Deus e parecem dar a esperança: o dinheiro, o poder, o sucesso, o prazer.

Frequentemente, uma sensação de solidão e de vazio entra no coração de muitos e conduz à busca de compensações, destes ídolos passageiros. Queridos irmãos e irmãs, sejamos luzeiros de esperança! Tenhamos uma visão positiva sobre a realidade.

Encorajemos a generosidade que caracteriza os jovens, acompanhando-lhes no processo de se tornarem protagonistas da construção de um mundo melhor: eles são um motor potente para a Igreja e para a sociedade. Eles não precisam só de coisas, precisam sobretudo que lhes sejam propostos aqueles valores imateriais que são o coração espiritual de um povo, a memória de um povo.

Neste santuário, que faz parte da memória do Brasil, podemos quase que apalpá-los: espiritualidade, generosidade, solidariedade, perseverança, fraternidade, alegria; trata-se de valores que encontram a sua raiz mais profunda na fé cristã.

A segunda postura: Deixar-se surpreender por Deus. Quem é homem e mulher de esperança – a grande esperança que a fé nos dá – sabe que, mesmo em meio às dificuldades, Deus atua e nos surpreende. A história deste Santuário serve de exemplo: três pescadores, depois de um dia sem conseguir apanhar peixes, nas águas do Rio Paraíba, encontram algo inesperado: uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.

Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe? Deus sempre surpreende, como o vinho novo, no Evangelho que ouvimos. Deus sempre nos reserva o melhor. Mas pede que nos deixemos surpreender pelo seu amor, que acolhamos as suas surpresas. Confiemos em Deus!

Longe d’Ele, o vinho da alegria, o vinho da esperança, se esgota. Se nos aproximamos d’Ele, se permanecemos com Ele, aquilo que parece água fria, aquilo que é dificuldade, aquilo que é pecado, se transforma em vinho novo de amizade com Ele.

A terceira postura: Viver na alegria. Queridos amigos, se caminhamos na esperança, deixando-nos surpreender pelo vinho novo que Jesus nos oferece, há alegria no nosso coração e não podemos deixar de ser testemunhas dessa alegria.

O cristão é alegre, nunca está triste. Deus nos acompanha. Temos uma mãe que sempre intercede pela vida dos seus filhos, por nós, como a rainha Ester na primeira leitura. Jesus nos mostrou que a face de Deus é a de um Pai que nos ama. O pecado e a morte foram derrotados.

O cristão não pode ser pessimista! Não pode ter uma cara de quem parece num constante estado de luto. Se estivermos verdadeiramente enamorados de Cristo e sentirmos o quanto Ele nos ama, o nosso coração se “incendiará” de tal alegria que contagiará quem estiver ao nosso lado. Como dizia Bento XVI, aqui, neste santuário: “o discípulo sabe que sem Cristo não há luz, não há esperança, não há amor, não há futuro”.

Queridos amigos, viemos bater à porta da casa de Maria. Ela abriu-nos, fez-nos entrar e nos aponta o seu Filho. Agora Ele nos pede: “Fazei o que Ele vos disser”. Sim, Mãe nossa, nos comprometemos a fazer o que Jesus nos disser! E o faremos com esperança, confiantes nas surpresas de Deus e cheios de alegria. Assim seja."

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Primeiro discurso do Papa Francisco no Brasil

Quis Deus na sua amorosa providência que a primeira viagem internacional do meu Pontificado me consentisse voltar à América Latina, precisamente ao Brasil, nação que se gloria de seus sólidos laços com a Sé Apostólica e dos profundos sentimentos de fé e amizade que sempre a uniram de modo singular ao Sucessor de Pedro. Dou graças a Deus pela sua benignidade.

Aprendi que para ter acesso ao Povo Brasileiro, é preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração: por isso permitam-me que nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta. Peço licença para entrar e transcorrer esta semana com vocês. Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo! Venho em seu Nome para alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração; e desejo que chegue a todos e a cada um a minha saudação: "A paz de Cristo esteja com vocês!"

Saúdo com deferência a Senhora Presidenta e os ilustres membros do seu Governo. Obrigado pelo seu generoso acolhimento e por suas palavras que externaram a alegria dos brasileiros pela minha presença em sua Pátria. Cumprimento também o Senhor Governador deste Estado, que amavelmente nos recebe na Sede do Governo e o Senhor Prefeito do Rio de Janeiro, bem como os Membros do Corpo Diplomático acreditado junto ao Governo Brasileiro, as demais Autoridades presentes e todos quantos e se prodigalizaram para tornar realidade esta minha visita.

Quero dirigir uma palavra de afeto aos meus irmãos no Episcopado, sobre quem pousa a tarefa de guiar o Rebanho de Deus neste imenso País, e às suas amadas Igrejas Particulares. Esta minha visita outra coisa não quer senão continuar a missão pastoral própria do Bispo de Roma de confirmar os seus irmãos na Fé em Cristo, de animá-los a testemunhar as razões da Esperança que d´Ele vem e de incentivá-los a oferecer a todos as inesgotáveis riquezas do seu Amor.

O motivo principal da minha presença no Brasil, como é sabido, transcende as suas fronteiras. Vim para a Jornada Mundial da Juventude. Vim para encontrar os jovens que vieram de todo o mundo, atraídos pelos braços abertos do Cristo Redentor. Eles querem agasalhar-se no seu abraço para, junto de seu Coração, ouvir de novo o seu potente e claro chamado: Ide e fazei discípulos entre todas as nações.

Estes jovens provêm dos diversos continentes, falam línguas diferentes, são portadores de variadas culturas e, todavia, em Cristo encontram as respostas para suas mais altas e comuns aspirações e podem saciar a fome de verdade límpida e de amor autêntico que os irmanem para além de toda diversidade.

Cristo abre espaço para eles, pois sabe que energia alguma pode ser mais potente que aquela que se desprende do coração dos jovens quando conquistados pela experiência da sua amizade. Cristo "bota fé" nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa: "Ide, fazer discípulos". Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível e criem um mundo de irmãos. Também os jovens "botam fé" em Cristo. Eles não têm medo de arriscar a única vida que possuem porque sabem que não serão desiludidos.

Ao iniciar esta minha visita ao Brasil, tenho consciência de que, ao dirigir-me aos jovens, falarei às suas famílias, às suas comunidades eclesiais e nacionais de origem, às sociedades nas quais estão inseridos, aos homens e às mulheres dos quais, em grande medida, depende o futuro destas gerações.

Os pais usam dizer por aqui: "os filhos são a menina dos nossos olhos". Que bela expressão da sabedoria brasileira que aplica aos jovens a imagem da pupila dos olhos, janela pela qual entra a luz revelando-nos o milagre da visão! O que vai ser de nós, se não tomarmos conta dos nossos olhos? Como haveremos de seguir em frente? O meu auspício é que, nesta semana, cada um de nós se deixe interpelar por esta desafiadora pergunta.

A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo e, por isso, nos impõe grandes desafios. A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço; isso significa tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento; oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida; garantir-lhe segurança e educação para que se torne aquilo que ele pode ser; transmitir-lhe valores duradouros pelos quais a vida mereça ser vivida, assegurar-lhe um horizonte transcendente que responda à sede de felicidade autentica, suscitando nele a criatividade do bem; entregar-lhe a herança de um mundo que corresponda à medida da vida humana; despertar nele as melhores potencialidade para que seja sujeito do próprio amanhã e corresponsável do destino de todos.Com essas atitudes recebemos hoje o futuro

Concluindo, peço a todos a delicadeza da atenção e, se possível, a necessária empatia para estabelecer um diálogo de amigos. Nesta hora, os braços do Papa se alargam para abraçar a inteira nação brasileira, na sua complexa riqueza humana, cultural e religiosa. Desde a Amazônia até os pampas, dos sertões até o Pantanal, dos vilarejos até as metrópoles, ninguém se sinta excluído do afeto do Papa. Depois de amanhã, se Deus quiser, tenho em mente recordar-lhes todos a Nossa Senhora Aparecida, invocando sua proteção materna sobre seus lares e famílias. Desde já a todos abençôo. Obrigado pelo acolhimento!!